Então um dia, numa conversa com a Consultora, ela sugere que eu reflita sobre esse meu desejo… até que ponto é bom que as coisas voltem a ser como eram? E nessa noite tenho um sonho…
Estou sentada num banco de jardim, conversando com um dos meus professores da faculdade. Estamos falando justamente sobre os problemas que estou enfrentando.
- “Será que algum dia as coisas vão voltar ao normal?” – pergunto, desconsolada.
Ele pensa, pensa… e então diz:
- “Você tem reparado quantas pessoas estão passando por momentos de reviravolta total em suas vidas? Já observou que todo o planeta está sofrendo mudanças significativas em todas as áreas? Até a natureza parece estar fugindo daquilo que considerávamos normal…”
Faz uma pausa, como a dar um tempo para que eu reflita sobre isso, e continua:
- “Então, será que não é o momento de reconsiderarmos nosso conceito de ‘NORMAL’?
Será que tudo o que está acontecendo nas nossas vidas e à nossa volta não tem um propósito maior, que não estamos conseguindo enxergar do nosso ponto de vista limitado, já que estamos mergulhados nesses problemas?”
- “E qual seria esse propósito?” – pergunto… e logo arrisco uma resposta:
- “Tenho lido e ouvido falar que a humanidade está evoluindo para um nível mais elevado de consciência… Se é assim, os padrões que mantivemos até agora, em todos os segmentos da vida, provavelmente não são compatíveis com essa nova consciência e por isto precisamos mudar nossa forma de pensar, de agir, de ser…”
Antes que eu possa completar o raciocínio, o professor conclui:
- “E como temos certa resistência às mudanças, a própria vida se encarrega disso… às vezes de maneira um tanto drástica, não é?”
Balanço a cabeça afirmativamente e, ainda refletindo sobre o que acabamos de falar, comento com certa melancolia:
- “Tudo que parecia estável, confiável, seguro está se desfazendo…”
Mas o professor não perde o ânimo:
- “Não será isto mais uma indicação de que precisamos encontrar novas bases para a nossa vida? Ou talvez simplesmente nos deixarmos levar por este novo fluxo até que a própria vida nos mostre o caminho?”
Acordo! Fico frustrada, porque gostaria de continuar a conversa, trocar mais idéias com ele. Fecho os olhos, tento dormir e sonhar de novo… mas, nada!
O dia nem amanheceu ainda, mas já não tenho mais sono. Levanto-me e escrevo um e-mail para a Consultora contando esse sonho e finalizando com uma frase desconsolada:
“Tudo parecia tão bem encaixado em seu devido lugar… e, de repente, nada mais se enquadra em coisa nenhuma… nem mesmo o projeto do Meu Consultório, que parecia tão perfeito…”
Sua resposta não tarda a chegar:
“Ele realmente era perfeito”! Esse projeto era perfeito para os ‘velhos tempos’, aqueles tempos em que podíamos criar manuais e fórmulas para tudo, porque tudo era relativamente previsível, tudo seguia certos padrões conhecidos, familiares.
Mas esses tempos passaram num piscar de olhos! Agora estamos vivendo tempos imprevisíveis e o que vale para hoje pode não ser válido amanhã. Então temos que encontrar um modo de viver harmoniosamente num momento destes.
Deve haver alguma coisa que seja permanente e confiável, no meio de toda esta mutação. É isto que precisamos encontrar…”
Embora não tenha nenhum paciente marcado, vou até o consultório e deito-me no meu divã, tentando relaxar e por minhas idéias em ordem.
Fico relembrando as palavras do Professor e da Consultora, tentando chegar a alguma conclusão concreta sobre elas. De repente, meus pensamentos desaparecem, minha mente fica totalmente vazia e me vem uma vontade incontrolável de ler alguma coisa inspiradora. Estico o braço e pego o primeiro livro que alcanço na estante ao lado. É um livro bem fininho, que não me lembrava de ter comprado… aliás, não me lembrava de tê-lo visto antes em lugar nenhum, muito menos no Meu Consultório!
Sua capa me faz lembrar alguns livros de estórias infantis, cheio de estrelinhas de todas as cores. Não sei bem por que, meu coração se enche de alegria!
- “Alguma criança deve tê-lo deixado aqui” – penso – “E a faxineira guardou-o junto com os outros, sem saber.”
Ponho os óculos para ler o título, pronta para me deliciar com um conto de fadas… Mas, quando as letras começam a se definir melhor diante dos meus olhos, dou um pulo do divã e quase caio sentada no chão!
“CRIANDO UM CONSULTÓRIO… EM TEMPOS IMPREVISÍVEIS”
- “Que brincadeira é esta?!” – falo, em voz alta, quase gritando!
- “Só posso estar sonhando!” – concluo e fico imóvel durante alguns segundos, sem saber se abro ou não o livrinho… – “Bem, sonho ou não, quero ver o que tem aí dentro!”
Abro-o cuidadosamente… procuro o nome do autor, não encontro, assim como também não encontro o nome da editora, o ano de publicação, o número do ISBN… A primeira página está em branco e, pelo jeito, as outras também, porque dou uma folheada rápida e não vejo nada escrito ali!
Fecho-o de novo, um tanto decepcionada, pois tudo o que eu queria, neste momento, era saber como criar um consultório… nestes tempos imprevisíveis!
Ainda com uma pontinha de esperança, abro-o novamente, com muita cautela e curiosidade… E o que vejo?
continua...
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Vera Corrêa e
Suely Laitano Nassif
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Meu consultório em tempos imprevisíveis
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Publicado em 20/07/2011 - 12:54