Em 27 de novembro de 2007, o anfiteatro Emílio Athiê, na Santa Casa de SP, assistiu a um evento carregado de significado e conteúdo, em homenagem aos 150 anos de nascimento de Sir Charles Scott Sherrington. O conhecido neurofisiologista, que descrevou várias vias reflexas para o controle dos movimentos e evidenciou a importância da transmissão nervosa inibitória para a função nervosa, foi prêmio Nobel em 1932. Durante sua vida produtiva e longa, escreveu muito sobre a função motora inspirando, até hoje, cinesiologistas, neurofisiologistas e neurocientistas em geral.
Uma das histórias sobre Sherrington lembrada durante o seminário foi a questão envolvendo a criação do termo "sinapse". Prof. Dr. Luís Roberto Britto nos lembrou que o termo - atribuído a Sherrington na literatura científica - surgiu de uma conversa no início do século passado, entre Sherrington e um amigo jornalista e linguista. Inicialmente, o termo cunhado por Sir Sherrington para nominar a área de interação entre dois neurônios durante a transmissão nervosa seria "sinapsmina". Devido à dificuldade de derivação do termo, seu amigo sugeriu o termo sinapse, mais adjetivável.
Como sabemos, a sugestão foi rapidamente acatada. Sir Sherrington nunca deixou de dar os créditos a seu amigo. Porém, a história preferiu ser contada de outro jeito.
Os palestrantes, eminentes neurofisiologistas, versaram sobre aspectos históricos e também sobre as fronteiras do conhecimento iniciado por Sherrington e seus contemporâneos.
O seminário foi aberto após breve resumo biográfico sobre o homenageado. O Prof. Dr. Aldo Lucion, professor Titular do Departamento de Fisiologia do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apresentou uma perspectiva histórica da importância do legado de Sir Sherrington para a moderna Neurociência. O Prof. Dr. Luís Roberto Britto, Titular do Departamento de Fisiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, nos trouxe a inquietante discussão sobre a importância das sinapses elétricas para a função dos neurônios e sua interação com as células gliais. O Prof. Dr. Luis Eugênio de Mello, Titular do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo, mostrou recentes avanços para a prevenção de epilepsia pós-traumática.
Ao final, foram inaugurados os novos laboratórios do Departamento de Ciências Fisiológicas, que possui grande vocação para a pesquisa neurocientífica, através de seus professores formados em grupos de pesquisa dentro e fora do país.