sábado, 21 de agosto de 2010

Esquizofrenia e Religiosidade

POR PEDRO SHIOZAWA
As doenças psiquiátricas de maneira geral se enquadram no cenário das doenças crônicas, de modo que a religiosidade também deve ser objeto de atenção da equipe médica no manejo do paciente psiquiátrico, como os portadores de esquizofrenia.

Diferentes estudos apontam para a valorização da religiosidade entre pacientes religiosos. Tomamos como exemplo estudo recente conduzido pela Universidade de Geneva, no qual se observou que dois terços dos pacientes portadores de esquizofrenia em acompanhamento referem a religiosidade como tendo papel fundamental em suas vidas (Mohr, 2004). Outro estudo realizado na Austrália verificou que 82% dos pacientes psiquiátricos julgam necessário a abordagem acerca de sua religiosidade por seus médicos, sendo que 67% destes assumiam como essencial o papel da religiosidade no enfrentamento da doença (D´Souza, 2002).

A participação da religiosidade na vida do individuo, no entanto, não necessariamente engloba sua inserção em atividades religiosas coletivas, o que salienta a dificuldade de relacionamento e integração social freqüentemente experimentada por estes pacientes (Huguelet et al., 2006 ; Huguelet et al., 2007).

Apesar da relevância da religiosidade entre os pacientes, estudos têm demonstrado a pouca atenção que esta temática tem recebido por parte da equipe médica no manejo do paciente psiquiátrico, como conseqüência tanto de baixa importância atribuída ao tema, quanto de falta de orientação educacional em relação à espiritualidade na formação médica, tendência a atribuir componentes da espiritualidade à dimensão da psicopatologia e diferenças entre o conhecimento médico e religioso (Shafranski, 1996 ; Neeleman, 1993 ; Crossley, 1995 ; Lukoff, 1995 ; Mohr, 2004).

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