sábado, 11 de setembro de 2010

Transtorno Depressivo (F32)

POR PEDRO SHIOZAWA

Antonio tem 30 anos, trabalha em um banco e sempre foi um bom profissional. Casado há 10 anos, tem um filho de 8 anos, para quem sempre foi um herói. Há 6 meses Antonio está diferente conforme contam seus amigos mais próximos e seus familiares: ele anda distante, como se estivesse cansado. Antonio estava dormindo mais durante o dia, na verdade, era o que mais gostava de fazer durante esses meses, dormir. Sempre jogara futebol com seus amigos no sábado, mas estava em falta com eles a mais tempo do que gostaria. Por falar em gostar, Antonio parecia não gostar mais de nada. Antes sempre fora um aficcionado pelo seu time do coração, mas nem mesmo aos jogos estava assistindo. “Quero ficar na cama em silêncio” era o que falava o outrora alegre Antonio.

No decorrer dos meses, Antonio fora ficando sem energias, não comia, dormia bastante, estava sem concentração, sua memória estava prejudicada, parecia mais lento, era como se sua cabeça fosse um papel em branco. Sua esposa tinha que o estimular mesmo para as atividades básicas. “Se eu não insistir, ele não toma banho nem come direito, meu marido parece estar sem cor, sem brilho”, dizia ela.

Resolveram levá-lo ao médico, quando foi feito o diagnóstico de depressão. Iniciou-se tratamento e em poucas semanas a cor voltou à vida de Antonio. Hoje é sábado e Antonio deve estar jogando futebol com seus amigos, para vibrar com a vitória ou chorar pela derrota, como tem que ser.

CID - 10
Presença por pelo menos duas semanas de pelo menos dois dos seguintes sintomas: humor deprimido, anedonia, aumento da fatigabilidade e diminuição da atividade. Esses sintomas devem estar acompanhados de pelo menos 2 outros sintomas associados:
concentração e atenção reduzidas; autoestima e autoconfiança reduzidas; idéias de culpa e inutilidade; visões desoladas e pessimistas do futuro; idéias ou atos autolesivos ou suicídio; sono perturbado; apetite diminuído.

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Afinal, alegre ou triste?
Pensar nunca tem bom fim...
Minha tristeza consiste
Em não saber bem de mim...
Mas a alegria é assim...

(Fernando Pessoa)
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