Concordo que a mariposa busca a luz, fica presa e morre. Mas isso só acontece quando ela busca sua liberdade na luz errada, ou seja, na luz artificial. Durante sua vida, ela busca a luz por diversas vezes e, encontrando a luz natural, ela voa livre. Mas, em um dia fatídico, depara-se com o não-natural, e morre. O que é a luz artificial senão uma imitação da luz natural do sol? O que o artificial causa na vida do homem? E dos animais? O conforto do artificial traz o alto preço da morte, muitas vezes. Creio que uma discussão interessante poderia surgir desse tema...
E o que é o espantalho senão um homem artificial, criado para enganar o corvo, assim como a luz engana a mariposa? O espantalho pode, então, ser a encarnação daquilo que o homem cria para seu próprio benefício em detrimento do susto, do medo e da morte do outro, sendo esse outro encarnado aqui pelo animal. Assim como o corvo e a mariposa se deixam enganar pela luz e pelo homem artificial, também nós nos deixamos enganar por 'remédios' e 'soluções' que nossas culturas trazem, como o próprio processo de letramento...
Renata Quirino de Sousa
E o que é o espantalho senão um homem artificial, criado para enganar o corvo, assim como a luz engana a mariposa? O espantalho pode, então, ser a encarnação daquilo que o homem cria para seu próprio benefício em detrimento do susto, do medo e da morte do outro, sendo esse outro encarnado aqui pelo animal. Assim como o corvo e a mariposa se deixam enganar pela luz e pelo homem artificial, também nós nos deixamos enganar por 'remédios' e 'soluções' que nossas culturas trazem, como o próprio processo de letramento...
Renata Quirino de Sousa
Este texto me fez lembrar o teto das grandes catedrais que são pintados de azul com nuvens. Apesar do tom realista, há anjos ali, santos, a trindade e etc.
ResponderExcluirSei que as catedrais foram construídas com exagero em suas dimensões e formas para provocar um sentimento de inferioridade diante daquele pedaço da casa de Deus, a quem devemos temer.
O lado positivo, a catedral me coloca num ritmo diferente da atmosfera racional das cidades. Me faz entrar em contato com conteúdos que não viriam a tona no caos ordenado das ruas.
Pode ser que o artificial, antes de ser tóxico, tenha essa missão, nos colocar exemplos de outros parâmetros, proteger temporariamente a plantação para a época de colheita.
O equilíbrio está em saber a hora de abandoná-lo.
Karam, muito interessante sua alusão ao teto das catedrais...
ResponderExcluirpara seguir com a temática controvertida e paradoxal do confronto dos opostos!
Grandes “duomos”, grandes cúpulas podem nos trazer essa sensação de opressão...
mas também,
podem contribuir para nos elevar a um estado contemplativo e de transcendência,
que nos possibilita o distanciando dos ruídos e confusões do dia a dia.
De quem é essa percepção?
Senão daquele que observa... daquele que vivencia??
Somos nós que fazemos essa discriminação.
O teto das grandes catedrais está lá...
à espera de que lhe seja atribuída uma significação.
O trabalho de significar e re-significar é nosso.
Diferentemente da mariposa ou do corvo, nós temos a oportunidade de poder decidir.
Temos o livre arbítrio que é um exercício ativo e efetivo de nossa consciência em nós.
Da mesma forma que o artificial representado no texto pela luz e pelo espantalho
podem expressar tanto aspectos positivos como negativos...
depende só de nós o ângulo pelo qual analisamos o que estamos vivenciando.
Do ponto de vista da mariposa e do corvo (pássaros) a não discriminação torna “o artificial” um elemento prejudicial para eles. O corvo não consegue o alimento e a mariposa encontra a morte.
Nos, também, podemos nos confundir ao interpretar erroneamente o sentido e o significado do que vivenciamos.
Muito especial sua participação!
Agradeço, esperando contar sempre com você.
Suely Nassif
Eu que agradeço a você pelos textos. Sim, estarei sempre por aqui.
ResponderExcluirGrande abraço
Karam
Olá, Karam! Obrigada por seu comentário!
ResponderExcluirGosto do seu texto porque ele chama a atenção para o outro lado da moeda - o do artificial que tem a missão de criar um ambiente protegido onde possam surgir sensações que, não fosse esse ambiente, poderiam não surgir. Isso leva a um outro questionamento: o que é o real e o que é o artificial? Não estaríamos sempre transitando pelos dois, sem a consciência de que somos nós mesmos que criamos nossa realidade por meio da leitura que fazemos do que chega aos nossos sentidos? Gosto da mariposa e do corvo porque eles estão mais perto do nosso lado mais intuitivo e menos racional, do nosso lado que sente, como você sentiu na catedral, que não se importa em distinguir o que é real, artificial ou uma combinação dos dois... Mas nós podemos fazer esse trânsito com mais propriedade do que a mariposa e o corvo, porque nossa consciência nos permite enxergar os perigos, distinguir as luzes e antever, antes das escolhas, as consequências delas...
Espero que possamos ainda falar sobre esses e outros assuntos que, a meu ver, são tão instigantes e fascinantes.
Grande abraço,
Renata Quirino Sousa
Incrivel esse texto. PARABÉNS Sueli pela postagem.
ResponderExcluirComo gosto de arquitetura, ciência e psicologia, está tudo relacionado nesse texto.
Recomendo o livro IDÉIAS DE CONFORTO.
João Márcio